DE SARAJEVO — Há uma ironia cruel na forma como a economia da Bósnia e Herzegovina respira: ofegante, como se ainda carregasse o peso dos escombros de uma guerra que tecnicamente terminou há três décadas. O Acordo de Dayton, que em 1995 silenciou as armas, não curou as feridas económicas; pelo contrário, consagrou-as em estruturas políticas disfuncionais que até hoje estrangulam o potencial de um país que já foi o coração industrial da Jugoslávia. A economia bósnia é um paciente que sobreviveu à cirurgia de emergência, mas nunca quite recuperou os movimentos plenos. A guerra deixou um rasto de devastação material e humana quase incompreensível. O Produto Interno Bruto (PIB) colapsou para menos de 10-30% dos níveis pré-guerra, e o país perdeu mais de 75% da sua capacidade económica. Cidades inteiras foram reduzidas a escombros, infraestruturas energéticas e industriais foram sistematicamente destruídas, e mais de 80% da população dependia de ajuda alimentar internacional para sobreviver...
Esta página é um arquivo virtual que reúne minhas reflexões sobre minha mobilidade acadêmica na Bósnia e Herzegovina durante os anos de 2023 e 2024. Os textos aqui apresentados são impressões pessoais, não se propondo a representar a realidade de forma absoluta, mas um convite à reflexão sobre essa experiência.