DE SARAJEVO — Mais um dia a caminhar e refletir nas ruas de Sarajevo entre o bairro onde estou a viver e a Universidade. Cada edificação conta uma história de resistência, dor e reconciliação incompleta. Vinte e oito anos após o fim da guerra, a Bósnia ainda luta para reconstruir não apenas seus edifícios, mas também a tessitura social rasgada pelo conflito. A arquitetura, aqui, é muito mais que concreto e pedra: é um espelho das divisões étnicas, um testemunho silencioso da violência e um palco onde se desenrola a complexa relação entre memória e esquecimento. Em Sarajevo, a capital, os edifícios danificados são parte da paisagem urbana. Fachadas crivadas de balas convivem com construções modernas, criando um contraste visceral entre o passado traumático e um presente que tenta se reinventar. A Biblioteca Nacional, incendiada em 1992 durante o cerco, é talvez o símbolo mais potente dessa dualidade. Reconstruída meticulosamente, sua fachada renasceu, mas os interiores abrigam agora...
Esta página é um arquivo virtual que reúne minhas reflexões sobre minha mobilidade acadêmica na Bósnia e Herzegovina durante os anos de 2023 e 2024. Os textos aqui apresentados são impressões pessoais, não se propondo a representar a realidade de forma absoluta, mas um convite à reflexão sobre essa experiência.