DE SARAJEVO – O escritório da FAO em Sarajevo fica perto do bairro onde estou a viver. É uma caminhada muito agradável que muitas vezes tinha dificuldade imaginar tudo aquilo em guerra. Atravessava o rio que dividia a cidade, naquele ponto, entre duas forças. Pois bem, a FAO ficava do outro lado do rio. Lá dentro, longe do frio cortante do início de 2024, o ar estava quente e cheirava a café forte, uma herança otomana que permanece como uma das poucas coisas que unem este país complexo e que me enche o peito de boas memórias e lembranças. Fui recebido por um oficial sénior cujo rosto descontraído escondia uma paixão teimosa pelas relações sociais. Me ofereceu um café e ali no restaurante conversamos um bom e longo tempo. “A agricultura na Bósnia”, começou ele, servindo o café numa pequena chávena, “é o espelho mais fiel do nosso país. E, infelizmente, é um espelho partido.” A sua explicação foi uma viagem pela geografia fracturada da produção alimentar. O Acordo de Dayton, que pac...
Esta página é um arquivo virtual que reúne minhas reflexões sobre minha mobilidade acadêmica na Bósnia e Herzegovina durante os anos de 2023 e 2024. Os textos aqui apresentados são impressões pessoais, não se propondo a representar a realidade de forma absoluta, mas um convite à reflexão sobre essa experiência.