DE MOSTAR — O peso da história na Bósnia não se mede apenas nos cemitérios ou nos edifícios marcados pelas balas. Ele habita os corredores do poder, assombra as relações diplomáticas e dita os ritmos de uma política externa definida por uma pergunta incessante: como reconciliar justiça com sobrevivência? Vinte e oito anos após o fim da guerra, a memória do conflito ainda é uma ferida aberta que sangra nas relações com os vizinhos e nas negociações com as potências internacionais. A guerra de 1992-1995 não terminou com os Acordos de Dayton; congelou-se. Essa é a sensação que se tem ao falar com diplomatas, académicos e cidadãos comuns na Bósnia de hoje. A justiça — ou a falta dela — tornou-se o eixo invisível em torno do qual gira a política externa do país. Para a Bósnia, a busca por reconhecimento do genocídio de Srebrenica e dos crimes de guerra não é apenas uma questão moral; é uma batalha identitária. As relações com a Sérvia e a Croácia são o exemplo mais claro desse "efeito ...
Esta página é um arquivo virtual que reúne minhas reflexões sobre minha mobilidade acadêmica na Bósnia e Herzegovina durante os anos de 2023 e 2024. Os textos aqui apresentados são impressões pessoais, não se propondo a representar a realidade de forma absoluta, mas um convite à reflexão sobre essa experiência.