DE MOSTAR - Não me canso de dizer que estar por aqui é o mesmo que caminhar por uma terra onde a memória ainda pulsa em cada rua, praça e edifício. E, nesse espaço marcado pelo passado recente, percebi o poder quase tangível da mídia na construção da narrativa coletiva. Jornais, emissoras de televisão, rádios e, mais recentemente, redes sociais, moldam não apenas a forma como os bósnios veem a si mesmos, mas também a maneira como o mundo entende o país. Acredito que na década de 90 a imprensa tinha o mesmo impacto no caso do Brasil. A memória coletiva, tão delicada e fragmentada, depende de histórias contadas e recontadas, algumas precisas, outras moldadas por interesses políticos ou emocionais. Nas minhas muitas conversas, ficou claro que a mídia exerce um papel ambíguo. Por um lado, preserva testemunhos de sobreviventes, recorda eventos históricos e mantém viva a memória das vítimas; por outro, muitas vezes reforça narrativas seletivas, reforçando divisões étnicas e alimentando perce...
Esta página é um arquivo virtual que reúne minhas reflexões sobre minha mobilidade acadêmica na Bósnia e Herzegovina durante os anos de 2023 e 2024. Os textos aqui apresentados são impressões pessoais, não se propondo a representar a realidade de forma absoluta, mas um convite à reflexão sobre essa experiência.