DE BJIELINA - Cheguei à Bósnia com a mente carregada de estatísticas sobre a guerra, mas foram as mulheres que me ensinaram a verdadeira meaning da resiliência. Enquanto os acordos de Dayton desenhavam novas fronteiras sobre mapas em 1995, eram elas que, nas cozinhas de sobrevivência e nos campos de refugiados, teciam os fios invisíveis de uma nação despedaçada. Esta crónica é sobre essas arquitectas silenciosas da paz—as mulheres bósnias que transformaram luto em labor, trauma em ternura, e que hoje, quase três décadas depois, continuam a carregar nas costas o peso e a promessa de um país que renasce das cinzas. Caminho pelo mercado de Markale em Sarajevo, onde em 1994 um massacre matou 68 pessoas. Hoje, flores e negociantes enchem o espaço, e é difícil não notar que a maioria dos rostos por trás das bancas são femininos. São viúvas, sobreviventes, mães que perderam filhos. Mulheres como Fatima, que me diz enquanto arruma tomates: "Os homens foram à guerra ou morreram. Nós ficámo...
Esta página é um arquivo virtual que reúne minhas reflexões sobre minha mobilidade acadêmica na Bósnia e Herzegovina durante os anos de 2023 e 2024. Os textos aqui apresentados são impressões pessoais, não se propondo a representar a realidade de forma absoluta, mas um convite à reflexão sobre essa experiência.